Terapia Junguiana

 

 

 

A Psicoterapia Junguiana tem como metas terapêuticas não só a conscientização das emoções, conflitos não aceitos, expresso muitas vezes, através de sintomas doenças e sofrimentos, suas causas, como principalmente ajudar a pessoa ao retorno de sua essência, de afeto, liberdade e bem estar, ou seja, o resgate de sua condição humana, individual, natural e sem deformações. Algumas queixas, por exemplo: síndrome do pânico, depressão; podem exigir atuação multidisciplinar. Com o desenvolvimento da psicoterapia a pessoa recupera sua qualidade de vida. Cada pessoa é única, ainda que, vivendo numa coletividade. O que requer do profissional um trabalho cuidadoso, afetivo e personalizado. A psicoterapia visa contribuir para que a pessoa retome o que lhe é próprio de seu temperamento que inconscientemente foi se distanciando.

        À medida que ocorre a conscientização, a personalidade vai emergindo e o homem pode engajar-se assumir sua responsabilidade social. Passa a ser capaz de agir por si, somente quando existe a seu modo.

        O tratamento ocorre em sessões semanais, combinado dia e horário. Conforme o diagnóstico é estabelecido o numero de sessões. Por exemplo, uma pessoa com síndrome do pânico é provável que necessite de duas sessões por semana até que os sintomas tenham diminuído.
Nos casos de neurose ou de pessoas que sofrem devido à falta de sentido em suas vidas, torna-se imprescindível o trabalho de reeducação e transformação.
Na terapia junguiana a compreensão dos sonhos são considerados como mensagens da nossa mente não consciente.
O trabalho do terapeuta e do cliente com o sonho busca ampliar a consciência de si mesmo, a integração, aceitação de aspectos desconhecidos pela pessoa, melhor compreensão das suas emoções gerando um amadurecimento, transformação e o equilíbrio da pessoa.                           

        Indicado para: Superação de timidez, fobias, depressão, síndrome do pânico, insatisfação, insegurança, nervosismo, ansiedade, agressividade, descontrole. Tratamento do aspecto psicológico e emocional presente nas psicossomatizações mais comuns como gastrite, insônia, taquicardia, fibromialgia, enxaquecas, excesso de stress, problemas respiratórios e de pele; autoconhecimento, otimização dos pontos fortes; resgate ou desenvolvimento da auto-estima, desenvolvimento e utilização da inteligência emocional; favorece a vivência de relacionamentos afetivos e sexuais de forma mais gratificante; tratamento de bloqueios, contribuindo para o desenvolvimento pessoal e profissional, bem como à sua realização.

 

A psicologia analítica

 

        Anterior mesmo ao período em que estavam juntos, Jung começou a desenvolver um sistema teórico que chamou, originalmente, de "Psicologia dos Complexos", mais tarde chamando-o de "Psicologia Analítica", como resultado direto de seu conta(c)to prático com seus pacientes. O conceito de inconsciente já está bem sedimentado na sólida base psiquiátrica de Jung antes de seu conta(c)to pessoal com Freud, mas foi com Freud, real formulador do conceito em termos clínicos, que Jung pôde se basear para aprofundar seus próprios estudos. O conta(c)to entre os dois homens foi extremamente rico para ambos, durante o período de parceria entre eles. Aliás, foi Jung quem cunhou o termo e a noção básica de "complexo", que foi adotado por Freud.

 

        Utilizando-se do conceito de "complexos" e do estudo dos sonhos e de desenhos, Jung passou a se dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os arquétipos: da mesma forma que animais e homens parecem possuir atitudes inatas, chamadas de instintos ("fato" este negado por correntes de ciências humanas, como por exemplo em antropologia o culturalismo de Franz Boas ), também é provável que em nosso psiquismo exista um material psíquico com alguma analogia com os instintos.

 

Os tipos psicológicos

 

        Jung sentia que a ênfase da psicanálise nos fatores eróticos era um ponto de vista unilateral, uma visão reducionista da motivação humana e do seu comportamento. Ele propôs que a motivação do homem fosse entendida em termos de uma energia de vida criativa geral - a libido - capaz de ser investida em direções diferentes, assumindo grande variedade de formas. A libido corresponderia ao conceito de energia adotado na Física, a qual pode ser interpretada em termos de calor, eletricidade, motricidade, etc. As duas direções principais da libido são conhecidas como extroversão (projetada no mundo exterior, nas outras pessoas e objetos) e introversão (dirigida para dentro do reino das imagens, das ideias, e do inconsciente). As pessoas em quem a primeira tendência direcional predomina são chamadas extrovertidas, e introvertidas aquelas em quem a segunda direção é mais forte.

        A sua necessidade em criar uma tipologia psíquica decorreu da questão que nasceu em seu interior acerca de sua divergência com Freud e até com outros profissionais. Ele poderia, assim, ter perguntado: "Por que divirjo de Freud?". A resposta tomou forma na análise que fez das teorias psicológicas de seu mestre e de Adler, também um ex-discípulo de Freud. Para este as neuroses derivavam de problemas com os instintos, para o outro do próprio ego, no seu sentimento de superioridade ou inferioridade. Um, portanto, extrovertido, e o outro introvertido. Jung também propôs que se poderia agrupar as pessoas de acordo com o seu maior desenvolvimento em uma das quatro funções psicológicas: pensamento, sentimento, sensação, ou intuição. Transformações de libido de uma esfera de expressão para outra - por exemplo, de sexualidade para religião - são realizadas por símbolos que são gerados durante a mudança de personalidade.

 

        A psicologia junguiana também merece outro destaque: o processo de individuação. Conforme Nise da Silveira (2006) todo ser tende a realizar o que existe nele, em germe, a crescer, a completar-se. Assim é para a semente do vegetal e para o embrião do animal. Assim é para o homem, embora o desenvolvimento de suas potencialidades seja impulsionado por forças instintivas inconscientes, isso adquire um caráter peculiar: o homem é capaz de tomar consciência desse desenvolvimento e de influenciá-lo. Precisamente no confronto do inconsciente com o consciente, no conflito como na colaboração entre ambos é que os diversos componentes da personalidade amadurecem e unem-se numa síntese, na realização de um indivíduo específico e inteiro. Essa confrontação "é o velho jogo do martelo e da bigorna: entre os dois, o homem, como o ferro, é forjado num todo indestrutível, num indivíduo. Isso, em termos toscos, é o que eu entendo por processo de individuação" (Jung).

        O processo de individuação não consiste num desenvolvimento linear. É um movimento de circunvolução que conduz a um novo centro psíquico. Jung denominou esse centro de "Self" (si mesmo). Quando consciente e inconsciente vêm ordenar-se em torno do Self, a personalidade completa-se. O "Self" será o centro da personalidade total, como o ego é o centro do campo do consciente. O conceito junguiano de individuação tem sido muitas vezes deturpado. Entretanto é claro e simples na sua essência: tendência instintiva a realizar plenamente potencialidades inatas. Mas, de fato, a psique humana é tão complexa, são de tal modo intrincados os componentes em jogo, tão variáveis as intervenções do ego consciente, tantas as vicissitudes que podem ocorrer, que o processo de totalização da personalidade não poderia jamais ser um caminho reto e curto de chão bem batido. Ao contrário, será um percurso longo e difícil.

 

A psique objetiva

 

        Jung percebeu que a compreensão da criação de símbolos era crucial para o entendimento da natureza humana. Ele então explorou as correspondências entre os símbolos que surgem nas lutas da vida dos indivíduos e as imagens simbólicas religiosas subjacentes, sistemas mitológicos, e mágicos de muitas culturas e eras. Graças à forte impressão que lhe causou as muitas notáveis semelhanças dos símbolos, apesar de sua origem independente nas pessoas e nas culturas (muitos sonhos e desenhos de seus pacientes de variadas nacionalidades exprimiam temas mitológicos longínquos), foi que ele sugeriu a existência de duas camadas da psique inconsciente: a pessoal e a coletiva. O inconsciente pessoal inclui conteúdos mentais adquiridos durante a vida do indivíduo que foram esquecidos ou reprimidos, enquanto que o inconsciente coletivo é uma estrutura herdada comum a toda a humanidade composta dos arquétipos - predisposições inatas para experimentar e simbolizar situações humanas universais de diferentes maneiras. Há arquétipos que correspondem a várias situações, tais como as relações com os pais, o casamento, o nascimento dos filhos, o confronto com a morte.     Uma elaboração altamente derivada destes arquétipos povoa todos os grandes sistemas mitológicos e religiosos do mundo.

 

        Definida desta forma, no entanto, a psique objetiva não constitui um mecanismo capaz de justificar a ocorrência das sincronicidades, como um dos conceitos fundamentais da psicologia de Carl Gustav Jung. Por isso, ao longo de sua vida Jung complexificou a noção de psique objetiva, ou inconsciente coletivo, ampliando-a ao ponto de que pudessem ser nela incluídos tanto arquétipos universais e conteúdos filogenéticos humanos, quanto criações mentais mais recentes. A psique objetiva tornou-se integrada à vida em todos os seus aspetos, dando conta dos muitos fenômenos integrativos da clínica psicológica, que antes careciam de uma formulação explicativa consistente (Rocha Filho, 2007). Justamente por força da dificuldade de elaboração deste conceito, Jung acessou conhecimentos da física quântica de sua época, principalmente por Pauli e Einstein, o que influenciou decisivamente o desenvolvimento posterior da psicologia analítica. O médico conheceu aspetos da teoria da relatividade e da física quântica, especialmente o princípio da incerteza, da complementaridade e da não-Localidade, por intermédio principalmente dos físicos Wolfgang Pauli e Albert Einstein, e foi informado das pesquisas em parapsicologia de Joseph Banks Rhine, na Univeridade de Duke. Isso, associado a experiências pessoais e de seus pacientes, o levou a sugerir que as camadas mais profundas do inconsciente não dependem das leis de espaço, tempo e causalidade, produzindo fenômenos paranormais como a clarividência e a precognição, que passaram a ser estudados pela psicologia. A estas correspondências entre acontecimentos interiores e exteriores, por meio de um significado comum, ele deu o nome de sincronicidade, como estudada hoje no contexto da linha de pesquisa Física e Psicologia. Além disso, fatos ocorridos enquanto tratava seus clientes o fizeram crer que os acontecimentos se dispunham "de tal modo, como se fossem o sonho de uma 'consciência maior e mais abrangente, por nós desconhecida'" (Obras Completas Vol. VIII, p. 450).

       

        Na qualidade de cientista altamente desapegado e desconfiado do favorecimento que se dá a certas verdades, para ele materialismo e ciência não eram sinônimos. O materialismo não passa o culto a um deus exteriormente concreto por meio da razão, um tipo de fé nos princípios limitadores das leis físicas. "A razão nos impõe limites muito estreitos e apenas nos convida a viver o conhecido". Para sermos realmente justos, convém recebermos igualmente os aspetos racionais e irracionais da vida. Assim foi o caso da paciente que apresentava uma forte resistência à terapia. A monotonia não escapava a nenhum dos dois, até o dia em que ela lhe relatou-lhe o sonho com um escaravelho dourado. Mal acabara de contar-lhe a trama quando ouviram uma batida na vidraça. Jung então enxergou uma espécie de besouro de coloração dourada muito rara naquelas paragens e naquela estação do ano. Daí para diante a análise deslanchou, ocasionando o renascimento daquela personalidade. Besouro e renascimento… um símbolo egípcio muito antigo.

 

Sincronicidade

 

        O termo sincronicidade é uma tentativa de encontrar formas de explicação racional para fenômenos que a ciência de então não alcançava, tais como os referidos acima, fenômenos não causais que não podem ser explicados pela razão, porém são significativos para o indivíduo que os experimenta. Para uma abordagem sobre a construção do conceito veja-se Capriotti, Letícia. Jung e sincronicidade: a construção do conceito. Para uma explanação sintética e didática de sincronicidade, veja-se Capriotti, Letícia. Jung e sincronicidade: o conceito e suas armadilhas.)

        A construção do conceito de sincronicidade surgiu da leitura que Jung fez de um grande número de obras sobre alquimia e o pensamento renascentista. Jung chegou a possuir grande quantidade de textos alquímicos originais, que o levaram também a usar a expressão Unus Mundus em sua autobiografia, e a ideia de Anima Mundi.

 

        Uma interessante análise da contribuição da psicologia profunda de Freud – Jung para a formação do pensamento ocidental, mostrando como Jung tinha preocupações epistemológicas rigorosas pode ser vista em Tarnas. Em função disso, tais fenômenos puderam ser examinados, mas apenas como algo psicológico, e não propriamente da natureza, resultando em algumas distorções interpretativas, em inúmeros sentidos.

        A crítica de Richard Tarnas é pertinente, pois embora Jung ressalte a importância da religiosidade como qualidade intrínseca do ser humano, sua teoria apenas valida a experiência religiosa como fenômeno psicológico, uma posição paradoxalmente reducionista, que nega a compatibilidade entre razão e experiência espiritual. Nessa linha, considerou insubstancial o movimento esotérico moderno, como a teosofia e a antroposofia. Veja em Jung e Teosofia

        A partir da contribuição de Jung, vários desenvolvimentos em diferentes áreas do conhecimento têm ampliado a compreensão da relação entre os processos psíquicos e o mundo exterior. O conceito de inconsciente coletivo, por exemplo, encontra ecos na física do holomovimento de Bohm, na ecopedagogia de Capra, na transdisciplinaridade de Rocha Filho, na alma do mundo de Goswami, nos campos morfogenéticos de Sheldrake, na psicologia profunda e na ecopsicologia norte-americana.

 

 

Arquetipos

As tendências herdadas, armazenadas dentro do inconsciente coletivo, são denominadas *arquétipos e consistem em determinantes inatos da vida mental, que levam indivíduo a comportar-se de modo semelhante aos ancestrais que enfrentaram situações similares. A experiência do arquétipo normalmente se concretiza na forma de emoções associadas aos acontecimentos importantes da vida, tais como o nascimento, a adolescência, o casamento e a morte, ou as reações diante de um perigo externo. Jung referia-se aos arquétipos como as "divindades" do inconsciente (Noll, 1997).

 

Quando Jung investigou as criações artísticas e místicas das civilizações antigas, descobriu símbolos de arquétipos comuns, mesmo entre culturas bem distantes no tempo e no espaço, sem nenhum indício de influência direta. Também descobriu o que pensou serem traços desses símbolos nos sonhos relatados pelos pacientes.Todo esse material confirmava o seu o seu conceito de inconsciente coletivo. Os arquétipos que ocorrem com mais frequência são a persona, a anima e o animus, a sombra e o self.

 

A persona seria a máscara que o indivíduo usa quado está em contato com outra pessoa, para representá-lo na forma como ele deseja parecer aos olhos da sociedade. Assim, a persona pode não corresponder à verdadeira personalidade do indivíduo. A noção de persona é semelhante ao conceito sociológico do desempenho de papel, em que a pessoa atua da forma como crê que as outras esperam que ela atue nas diferentes situações.

 

Os arquétipos da anima e do animus refletem a noção de que cada indivíduo exibe alguma características do sexo oposto. A anima refere-se às características femininas presentes no homem, e o animus denota as características masculinas observadas na mulher. Assim como os demais arquétipos, a anima e o animus surgem do passado primitivo das espécies humanas, quando o homem e a mulher adotavam as tendências emocionais e comportamentais do sexo aposto.

 

O arquétipo da sombra, o nosso self mais sombrio, consiste na parte animalesca da personalidade. Para Jung, esse arquétipo é herdado das formas inferiores de vida. A sombra contém as atividades e os desejos imorais, violentos e inaceitáveis. Ela nos incita a nos comportarmos de uma forma que ordinariamente não nos permitiríamos, E, quando isso ocorre, geralmente o indivíduo insiste em afirmar que foi acometido por algo. Esse "algo" seria a sombra, a parte primitiva da natureza do indivíduo. No entanto, a sombra possui também o lado positivo, responsável pela espontaneidade, pela criatividade, pelo insigth e pela emoção profunda, características necessárias para o total desenvolvimento humano.

 

Na opinião de Jung, o principal arquétipo é o self. Integrando e equilibrando todos os aspectos do inconsciente, o self proporciona a unidade e estabilidade à personalidade. Jung o comparava a um impulso para a auto-realização, para a harmonização, a completitude e o total desenvolvimento das habilidades individuais. Entretanto acreditava que a auto-realização plena seria atingida somente na meia-idade (30 a 40 anos), período crucial para o desenvolvimento da personalidade. Esse seria o período natural para a transição, quando a personalidade passa por várias mudanças necessárias e benéficas. Observa-se aqui outro exemplo de elemento autobiográfico na teoria de Jung. Na meia-idade ele próprio havia atingido a auto-integração resultante da solução de sua crise neurótica. Dessa forma, para Jung, o estágio mais importante no desenvolvimento da personalidade não seria a infância (como foi no sistema e na vida de Freud) mas o período da vida adulta, entre os 30 e os 40 anos, quando ocorreram as mudanças na sua personalidade.

 

*Arquétipos: tendências herdadas contidas no inconsciente coletivo, que levam o indivíduo a comportar-se de forma semelhante aos ancestrais que passaram por situações similares.

Origem do Artigo: psicoloucos.com