Teoria de Campo de Lewin

Kurt Lewin referia-se na década de trinta ao peso da motivação para o comportamento social. Como forma de demonstração de tal importância da motivação para o desencadeamento de certos tipos de comportamentos, Lewin criou a teoria de campo fundamentada em 2 (duas) suposições.

1) O ser humano comporta-se em resposta à totalidade de fatos coexistentes;

2) Os fatos coexistentes resultam no campo dinâmico onde cada um de seus componentes são interdependentes. Geralmente exemplifico este fator através de uma analogia com as engrenagens de uma máquina, pense nisto:

A perfeita sincronia do mecanismo de um relógio resulta na precisão da mensuração do espaço tempo, no entanto, caso uma de suas partes sofra alguma deformação, mesmo tendo funcionado corretamente no passado, o relógio estará impreciso, pois, estas partes são interdependentes e o relógico depende das engrenagens, sua fonte de energia e ponteiros para funcionar corretamente assim como do espaço onde está inserido: a engrenagem defeituosa resultou de uma queda que o relógio sofreu e alterou o funcionamento de todo o mecanismo, mas, futuramente poderá ser consertado e voltar a funcionar corretamente. No momento do diagnóstico da engrenagem defeituosa, a queda foi uma variável interveniente no passado e o conserto será no futuro: ambos imprevisívelmente presentes no campo que por isto é dinâmico.

Da mesma forma, o comportamento humano não resulta somente do passado ou do futuro assim como é dinâmico e instável no presente! Dinâmico devido à influência de variáveis intervenientes. Não é possível que você tome banho no mesmo rio duas vezes: As águas mudam e você também. O ambiente psicológico muda, você muda, seu espaço vital muda… Nosso Brasil muda? Se você mudar sim… Para mudar o mundo bastar mudar a sí próprio. Lembra: “aquele garoto que queria mudar o mundo e agora assiste a tudo de cima do muro” (Cazuza)? Acabou conseguindo mudar o mundo que agora contém o mesmo em cima do muro onde não estava antes em um mundo que era diferente sem ele em cima do muro.

Esse campo dinâmico é “o espaço de vida dinâmico que contém a pessoa dinâmica e o seu ambiente psicológico dinâmico”. Lewin propõe a seguinte equação, para tentar explicar o comportamento humano:

C = f (P,M) onde,

(C)= comportamento presente
(f)= função ou resultado da interação entre,
(P)= pessoa e,
(M)= meio ambiente onde a pessoa está presente.

Voltando ao relógio: [O comportamento do mesmo (C)] é igual ao perfeito [inter-relacionamento (f)] entre [ele que contém suas engrenagens(P)] e o [ambiente (M)] onde está contido e contém as fonte de variáveis intervenientes.

Percebemos o ambiente como fonte de atuais necessidades assim como de frustrações e gratificações, pois, depende de nossa interpretação do que é bom, ruim, gratificante ou punitivo etc… A percepção não é uma cópia fiel da realidade. Por isso o ambiente está relacionado com as atuais necessidades do indivíduo.

Objetos, pessoas e situações possuem ressonância no ambiente psicológico, proporcinando um campo dinâmico de mobilização de forças psicológicas. Os objetos, pessoas ou situações adquirem para o indivíduo uma valência positiva quando simbolizam gratificação ou valência negativa quando representam ou ameaçam causar frustrações.

OBS: O mesmo objeto pode ser gratificante para um e punitivo para outro, pois, depende da interpretação subjetiva presente no campo psicológico. (na verdade despertam sentimentos que estão contidos na alma humana). Pense nisto: Alguns homens da zona rual foram até a cidade e encontraram uma miniatura de locomotivas em uma esposição, enquanto alguns ficavam emocionados ao lembrar de seus brinquedos que arremetiam ao avô etc… logo, o português começou a chutar e pisar em cima da mini locomotiva…

Ao ser indagado ele disse que seria melhor exterminar esta praga enquanto filhote, pois, certa vez estava laçando seu gado em sua fazenda e por um erro de calculo laçou a locomotiva mãe que o arrastou por kilômetros. (é piada gente!, riam pra descontrair um pouco). Então o objeto para o português simbolizou algo frustrante que causou uma reação de luta e não de repulsa.

Os objetos, pessoas ou situações de valência positiva atraem o indivíduo e os de valência negativa o repelem: na verdade podemos fazer uma comparação com a teoria de Pichón Rivière e não concordar com repelir apenas: poderá causar uma reação de luta-fuga o que inverterá no caso da luta o sentido da força vetorial diante de um estímulo interpretado como nocivo, ou seja, não causará repulsa.

Para Lewin, a atração é a força ou vetor dirigido para o objeto, pessoa ou situação; a repulsa é a força ou vetor que o leva a se afastar dos mesmos elementos. Um vetor indicará a direção do movimento. No caso de forças opostas, os vetores serão equacionados resultando em luta ou fuga. Quando dois ou mais vetores atuam sobre uma pessoa ao mesmo tempo, a direção da locomoção é um resultante da equação vetorial. No caso da paralização diante de um forte estímulo, ou seja, a pessoa fica estática sem reação alguma, então ocorreu que as forças vetoriais se anularam e o resultado da equação vetorial foi zero.

O mapa do espaço vital é resultado de uma análise topológica; as medidas de força motivacional para o comportamento é resultado de uma análise vetorial. Lewin desenvolveu uma série de experimentos sobre motivação influênciada pelos efeitos de lideranças democráticas e autocráticas em grupos de trabalho dentre outros. Lewin inspirou alguns autores da Escola das Relações Humanas assim como getou desenvolvimentistas de suas teorias.

 

A Motivação e o Efeito Zeigarnik de Kurt Lewin

 

A Motivação e o Efeito Zeigarnik

   Lewin propôs a existência de um estado básico de balanço ou equilíbrio entre o indivíduo e o ambiente. Qualquer pertubação desse equilíbrio provoca uma tenção que, por sua vez, conduz a alguma ação em um esforço de avaliar a tensão e restabelecer o equilíbrio. Assim, para explicar a motivação humana, Lewin acreditava que o comportamento envolve um círculo de estados de tensão ou estados de necessidade seguidos de atividades e alívio.
 

   Em 1927, Bluma Zeigarnik realizou um experimento, sob a supervisão de Lewin, para testar essa proposição. Os indivíduos recebiam uma série de tarefas e lhes era permitido terminar algumas, mas eles eram interrompidos antes de completarem outras. Lewin fez algumas previsões.

 

  1. Um sistema de tensão será criado quando o indivíduo receber uma tarefa para realizar.
 

  2. Quando a tarefa for concluída, a tensão desaparecerá.
 

  3. Se a tarefa não for concluída, a persistência da tensão resultará na maior probabilidade de o indivíduo lembrar-se da tarefa.

 

   Os resultados de Zeigarnik confirmaram as previsões. As pessoas lembravam-se das tarefas não concluídas com mais facilidade do que das completadas. Desde então, esse efeito passou a se chamar de Zeigarnik.


Efeito de Zeigarnik: tendência de se lembrar mais facilmete das tarefas não completas do que das tarefas completadas.

 

   A inspiração para essa pesquisa de Lewin a respeito da motivação surgiu da sua observação de um garçon do café situado do uotro lado da rua do Psychological Institute em Berlim. Uma terde, ao reunir-se com alguns alunos da pós-graduação no café, alguém comentou estar surpreso com a habilidade aparente do garçom em lembrar-se do pedido de cada um sem anotar nada. Algum tempo depois de pagar a conta, Lewin chamou o garçom e perguntou-lhe o que eles haviam consumido. O garçom, indignado, respondeu que não se lembrava mais. (Ash, 1995, p. 271.).

 

   Uma vez paga conta, a tarefa do garçom havia terminado e a tensão, desaparecido. Ele não precisava mais se lembrar do que cada um tinha pedido.