Hipnoterapia

 

 

Hipnoterapia é o uso terapêutico da hipnose, ou o tratamento de uma doença com o uso de técnicas hipnóticas.

É espécie de psicoterapia, que facilita a sugestão, a reeducação ou a análise por meio da hipnose. O profissional médico que exerce a hipnose é chamado hipniatra. Hipniatria é a hipnose praticada por médicos. A hipnose, além de na Medicina, é utilizada também na Odontologia, na Psicologia, na Fisioterapia, na Enfermagem e outras profissões de saúde.

Se a intervenção psicoterapêutica hipnoassistida tem primordialmente objetivo de análise, fala-se em hipnoanálise.

História Na Antigüidade a sociedade Egípcia (milhares de anos antes de Cristo) utilizava a hipnose em seus templos do sono, as doenças eram tratadas após o paciente ser submetido ao transe hipnótico; existem provas arqueológicas de tal prática como vasos de cerâmica onde aparecem figuras de médicos fazendo intervenções cirúrgicas de (para a época) grande porte, o que sabemos ser muito difícil, pois a anestesia não era conhecida. Tais médicos eram representados emitindo sinais mágicos ou raios dos olhos como forma de estereotipar a ação do hipnotizador. Tal procedimento (hipnose médica) tem outra designação, “sofrologia” oriunda da deusa grega Sofrosine. Ao pé da letra: Sos (tranqüilo), phren (mente) e logia (ciência), ciência da mente tranqüila.

Da mesma forma, na antiga Grécia, os enfermos eram postos a dormir em templos e despertavam curados. Os gregos iam aos tempos de Sofrosine e após entrarem em transe ouviam os sermões dos sacerdotes desta deusa que diziam ter poderes curativos, após o procedimento os enfermos retornavam às suas atividades gozando de plena saúde e alegria.

Também na Índia, Caldéia, China, Roma, Pérsia a hipnose era utilizada para conseguir fenômenos psíquicos (provavelmente hipermnésia e anestesia) que na época eram considerados místicos, esotéricos, paranormais ou sobrenaturais. Muitos documentos da antigüidade provam o uso da técnica por sacerdotes, médicos, xamãs entre outras pessoas importantes dentro de tais sociedades. É importante deixar claro que, em boa parte dessas sociedades (sempre muito ligadas a sua religião), a medicina era muito influenciada por fatores espirituais e quase sempre praticada por sacerdotes; a “arte de curar” era muito distante do aspecto técnico-científico encontrado hoje em dia. De uma maneira geral, se a pessoa fosse curada o mérito era totalmente dado ao sacerdote, caso não fosse, era por sua falta de fé.

Na Idade Média pessoas foram condenadas (e mesmo mortas) por fazerem uso da hipnose. Restritiva, a Santa Inquisição identificava os dominadores da técnica como bruxos ou satanistas, e como tais eram perseguidos. Tal fato é um tanto insólito, visto que era comum o uso do “Toque Real” - processo em que se acreditava que a pessoa ficaria curada com o toque das mãos de seu soberano (“Le Roy te teuche. Dieu te guerys” - o Rei te toca. Deus te cura). Hoje sabemos que isso nada mais é que uma técnica hipnótica.

Ainda hoje a hipnose (assim como a Psicologia, Psiquiatria, Psicanálise, Psicoterapias diversas, etc.) recebe muitas críticas por certos segmentos de algumas religiões e seus seguidores são proibidos de fazer uso desta técnica; algumas dessas religiões utilizam muitas técnicas hipnóticas inseridas na liturgia, oratória, música, repetição, tom de voz etc, sem que seus seguidores sequer saibam (e possam se defender), mas, no entanto, propagam injúrias contra aqueles que a utilizam (com o consentimento de seu cliente) de modo terapêutico.

Certamente uma boa parte da história contribuiu para o fortalecimento de uma falsa “identidade mística” da hipnose, apenas no século XVIII é que a hipnose passa a perder esta tal identidade e, hoje sabemos, que o estado de transe hipnótico é, tão somente, um estado diferente de funcionamento cerebral que pode, até mesmo, ser deflagrado em diversas situações corriqueiras, independente do objetivo ser hipnotizar alguém ou não. Mesmo tendo sido utilizada (e até hoje ainda é) em cerimônias religiosas, esotéricas ou místicas, é inegável seu aspecto técnico-científico.

Em agosto de 1889, foi realizado em Paris o I Congresso Internacional de Hipnotismo Experimental e Terapêutico com a representação de 223 estudiosos de 23 países. O Brasil teve a honra de levar dois profissionais de saúde: Doutor Joaquim Correia de Figueiredo e Doutor Ramos Siqueira, ambos médicos do estado do Rio de Janeiro.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) as situações extremas a que os médicos eram postos a trabalhar, reacendeu o uso e o valor prático e científico da hipnose. Seguindo a literatura existente acerca da hipnoanalgesia alguns jovens feridos e/ou mutilados, eram postos em transe tanto para alívio de suas dores como para execução de cirurgias. Novas pesquisas foram feitas ratificando o valor da técnica hipnótica no alívio das tensões, na anestesia e no conforto emocional.

Hipnose e hipnoterapia no Brasil No Brasil a hipnose ficou proibida no decorrer do governo do então Presidente Jânio Quadros num ato presidencial que contrariava os principais conselhos de saúde brasileiros, além de atrasar muito o trabalho sério e as pesquisas da área. Entretanto, na década seguinte, com o advento das perseguições militares, algo muito importante foi confirmado sobre a hipnose: É sabido que alguns agentes da repressão do governo tentaram utilizar o transe hipnótico para obter informações de presos políticos; a única informação importante obtida nessas tentativas foi que a hipnose legítima não pode ser obtida contra a vontade da pessoa ou em situação de pressão psicológica. O procedimento utilizado pelos agentes de repressão, vulgarmente conhecido pela maior parte da população como “lavagem cerebral”, é baseado em uma técnica de profundo esgotamento nervoso (através de tortura física e/ou psicológica) e apenas torna a vítima incapaz de reagir negativamente às determinações do torturador, sendo assim, obrigada a concordar com o que lhe é imposto, independente de ser verdade ou não. Tal técnica é considerada tortura e, como tal, é passível de punição como Crime segundo a legislação de nosso país. Existe a possibilidade de obter um "transe químico" com a administração de Barbitúricos (vulgarmente chamado de "soro da verdade") e alguns determinados psicotrópicos.

A hipnose passou a ser, no Brasil, legalmente utilizada primeiramente por odontólogos (dentistas) há cerca de quarenta anos, depois por médicos psiquiatras, psicólogos e terapeutas; hoje existem inclusive no Brasil, departamentos de polícia com a chamada Hipnose Forense que busca esclarecer crimes através da técnica do reforço da memória (hipermnésia) das vítimas de estupro e rapto principalmente, dando assim o conforto às pessoas, de que criminosos podem ser mais facilmente localizados e não mais ameacem suas vidas. Assim sendo, pode-se dizer que o Brasil está na vanguarda do uso da hipnose com fins realmente importantes para a sociedade, com Psicólogos, Psiquiatras, Dentistas, Terapeutas, Cirurgiões e Policiais se utilizando de um procedimento técnico-científico legítimo, com resultados práticos muito bons, a disposição da população brasileira.

É importante dizer que, o uso da hipnose por pessoas que não estejam legalmente inscritas em um sindicato, conselho de classe ou órgão profissional reconhecido pelo Ministério do Trabalho, não as torna apta a tratar pessoas. Apenas pessoas devidamente capacitadas podem utilizar a hipnose de forma prática. Não se deve confundir Hipnose de Palco com Hipnose Clínica, assim como um hipnólogo não deve (por motivos éticos) fazer apresentações recreativas, um hipnotizador não pode tratar do bem-estar de ninguém. Entretanto o que mais se assiste são hipnotizadores circenses fazendo apresentações bizarras (e de pouca credibilidade) de técnicas hipnóticas, o que pode parecer muito divertido e interessante; na verdade pode ter conseqüências sérias para a pessoas que se submetem a este tipo de experiência.

Perguntas mais comuns

  • O que é Hipnose?

Hipnose, estado hipnótico ou transe hipnótico é um estado alterado de consciência, a pessoa hipnotizada não está dormindo, ela está em concentração profunda e com a memória ampliada e focada com mais precisão. Ao contrário do que se pensa, há muita atividade em todo o córtex cerebral durante a hipnose.

  • A hipnose não é considerada uma técnica esotérica?

Não, definitivamente. Hipnose é um fenômeno neurofisiológico legítimo, onde o funcionamento do cérebro possui características muito especiais. Tais características, únicas, podem ser verificadas por alterações em eletroencefalograma no decorrer de todo estado hipnótico e visivelmente por manifestações não presentes em outros estados de consciência, como rigidez muscular completa, anestesia, hipermnésia (reforço da memória) e determinados tipos de alterações de percepção. A hipnoterapia usa as vantagens de trabalhar com o cérebro neste estado para ajudar as pessoas.

  • Que vantagens tem a Hipnoterapia?

Uma pessoa hipnotizada pode lembrar-se com mais detalhes de situações passadas (regressão de memória) que explicam suas dificuldades emocionais e/ou sociais do presente e, desta forma, otimizar seu tratamento terapêutico, pois, uma das dificuldades dos procedimentos terapêuticos tradicionais é lidar com o “esquecimento” de determinados fatos do passado que atrasam o desenvolvimento da terapia.

  • É verdade que uma pessoa hipnotizada obedece a qualquer tipo de ordem dada?

Não funciona desta maneira. O cérebro da pessoa está sempre pronto para desperta-la se ocorrer algo ofensivo, que seja contra sua moral ou costumes.

  • Pode alguém ser hipnotizado sem sua permissão?

É muito difícil hipnotizar uma pessoa que não queira cooperar ou que não confie no hipnólogo, pois, a função do cérebro é sempre proteger e não se expor a qualquer tipo de situação desconhecida. O tipo de atividade cerebral que ocorre quando uma pessoa está sendo ameaçada, oprimida, assustada ou desconfiada, inviabiliza o transe hipnótico que possa ter alguma utilidade terapêutica. É certo que existe uma porcentagem pequena da população que tem uma sensibilidade muito grande à indução hipnótica, e essas são as maiores “vítimas” dos hipnotizadores circenses, pois esses, pela prática, identificam tais pessoas numa platéia e sempre as escolhem para fazer as apresentações, que não tem objetivo terapêutico algum. Por outro lado, existe uma outra porcentagem, também pequena, da população que é insensível à maior parte das técnicas de indução hipnótica.

  • Se o terapeuta passar mal e desmaiar, eu ficarei para sempre em transe?

Não. Se algo ocorrer e a pessoa não for trazida do transe, ela continuará em processo de relaxamento até chegar o sono comum, cochilará por algum tempo e acordará normalmente; ou fará o processo inverso. Todo este processo é concluído em minutos.

  • Existe algum risco em fazer um tratamento terapêutico que use a hipnose?

Apenas se o profissional não possuir um treinamento, tanto teórico quanto prático, feito de forma responsável. Não é aconselhável a uma pessoa com problemas emocionais participar de hipnose de palco (shows de hipnotismo), pois, o hipnotizador não lida com a técnica de maneira a ajudar as pessoas ou lidar com eventos de catarse (uma espécie de explosão emocional que tende a ocorrer durante o transe), sua função é meramente circense.

  • É Legal utilizar hipnose para tratamento de problemas emocionais, sociais etc?

Sim. A hipnose é hoje legalmente reconhecida e utilizada no Brasil por profissionais de Medicina, Odontologia, de Psicologia, do Sindicato dos Terapeutas e possui diversas outras associações profissionais sérias em todo o mundo que estudam e utilizam a hipnose como ferramenta produtiva em seus campos de trabalho, como na Fisioterapia e na Enfermagem.

  • Então a hipnose poderia resolver tudo sozinha?

Não. A hipnose é uma ferramenta que deve ser usada dentro de um processo terapêutico muito mais amplo; hipnotizar a pessoa e apenas eliminar determinados sintomas, simplesmente, sem investigar a causa de tais sintomas, não resolve seus problemas e pode até mesmo disfarçar (ou deflagrar) um problema maior.

  • A hipnose pode tirar meus medos de uma só vez, rapidamente?

Em alguns casos sim, especialmente naquele grupo de pessoas mais sensíveis a indução hipnótica. Mas este tipo de terapia, apenas sintomática, é improdutiva e irresponsável. Muitas vezes os sintomas apresentados por clientes são apenas como “a ponta do iceberg”. É necessário toda uma investigação para que a correta aplicação de técnicas pertinentes seja oferecida. A terapia não busca o simples alívio dos sintomas, mas sim a investigação das causas dos problemas para que os sintomas não mais ocorram nem se transformem em outros piores. Muitas vezes uma mera “dorzinha” é associada, num evento de regressão de memória, a memórias tristes da infância ou relacionamentos mal solucionados.